Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11, 25).
Em princípio queremos deixar claro que é preciso afirmar categoricamente o nosso não pela violência e o nosso sim pela vida. Essa opção positiva é sem dúvida a nossa bandeira. Nos últimos dias, familiares e amigos foram surpreendidos com a trágica notícia da morte do jovem padre, Bernardo Muniz Rabelo Amaral, que fora ordenado recentemente presbítero para a Igreja de Deus presente na Arquidiocese de São Luís do Maranhão e que vinha desempenhando o seu pastoreio na paróquia de São José do Periá, na cidade de Humberto de Campos.
Nós cristãos não podemos ficar indiferentes frente à realidade que nos interpela, e muitas vezes nos deixa inertes. Pois, somos a todo instante confrontados com as chagas da violência que ceifam vidas. O presente artigo busca reivindicar um valor supremo que em dias atuais esta se transformando em banalidade, que é a vida.
Na missa de corpo presente realizada ontem, domingo dia 21, o Arcebispo Metropolitano de São Luís, dom. José Belisário da Silva, falava do mistério da iniqüidade presente em nossa sociedade. A cada instante somos abordados por cenas de violência que por sua freqüência parecem criar em nós um comodismo, pois diante daquilo que é rotina tendemos a encarar algo como sendo “normal”. Essa aparente normalidade adentra as nossas casas, comunidades, bairros e cidades e tira de nós os nossos sonhos, projetos e realizações. Transforma em dor aquilo que foi construído com muito esforço e dedicação.
A morte do jovem padre é para nós um sinal de que é chegada a hora de gritarmos e gritarmos forte contra a violência reinante em nossa sociedade. E gritar contra esta violência é apresentar um proposta de vida, na qual seja valorizada e defendida sempre. Somos chamados e sermos promotores da vida e nunca deixar que os sinais de morte superem a grandeza e beleza da vida.
Estas palavras não querem ser apenas palavras ditas, mas palavras que questionem, que provoquem e que tirem de nós a apatia frente a cultura de violência que a tempos vem se instalando em nossa sociedade. Com o martírio do padre Bernardo, queremos nos irmanar com inúmeras famílias que são vítimas da maldade e crueldade de homens, que por não terem amor a suas vidas não consideram as vidas das pessoas como algo precioso.
A nossa cidade à pouco tempo atrás se alegrava em receber um filho seu como sacerdote. Hoje essa alegria foi transformada em luto, não pela vontade de Deus, mas pela maldade dos homens. É verdade que queremos com estas palavras expressar a nossa revolta, indignação, mas não queremos parar nestes sentimentos, pois a fé que temos no Deus da vida é maior e mais forte, e é ela que nos dá a certeza de que não devemos desanimar em nossa caminhada.
O sangue derramado pelo padre Bernardo clama, do seio da terra, por justiça. Não sejamos insensíveis a tal clamor. O sangue de inocentes também fecunda a terra e para que esta seja fecundada é necessário plantar as sementes: da paz, da justiça, do respeito, do amor e da vida. Todos nós somos chamados a partir de agora a sermos estes semeadores.
Não é verdade que os sonhos e os projetos do querido padre Bernardo foram extirpados, mas estes continuam vivíssimos em nós. Vejamos que a responsabilidade dele agora é nossa e o seu brevíssimo ministério não acabou, mas está apenas começando.
É, sem dúvida, um momento de mobilizar os diversos setores de nossa sociedade para que juntos possamos refletir sobre políticas que venham garantir a nossos jovens, condições que lhes possibilitem acreditar no amanhã. Diante destes fatos o Senhor nos propõe uma escolha à vida. Desde já, escolher a vida é assumir uma atitude profética, pois existem ideologias que nutrem uma cultura de morte.
Desse modo, a defesa da vida deve ser feita a partir dos valores evangélicos, ou seja, a partir do amor, pois só assim seremos artífices da vida. Por fim, não é fácil assumir a opção pela vida, pois são inúmeros os sinais que contradizem a proposta de Jesus de Nazaré de vida plena para todos os homens. Que o Senhor da vida nos permita, enquanto discípulos seus, escolher sempre e sem jamais cessar a vida.
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